domingo, 3 de julho de 2016

Triste

Um rapaz foi assassinado. Um estudante. Assassinado porque alguém achou que ele não poderia viver como ele vivia. Porque ele não tinha os padrões que julgou necessário pra que ele tivesse direito à vida. Não o conhecia. Cruzamos pelos caminhos da reitoria da UFRJ, talvez. Não importa. Era alguém em busca de um sonho, seja ele qual for, era o sonho dele e ele estava fazendo, certamente, da melhor forma que podia, da melhor forma que permitiram que ele fizesse. Ninguém pode jugar se ele estava fazendo certo ou errado. Ninguém poderia ter tirado a oportunidade dele mostrar a si e ao mundo ao que ele veio. Era um estudante como milhares na universidade.
Receber uma notícia como essa pela manhã e levar um dia inteiro tentando digerir mais um ato de violência e ódio,Talvez não consiga, espero nunca aceitar... Mais um ato violento pautado na intolerância. A violência de tão banal está ganhando força nas mãos que se sentem depositárias da justiça, que querem impor suas verdades a qualquer custo. A custo da vida de quem lhe é diferente pelo simples fato de o ser. A sociedade está doente, é um fato. O fator de cura da indiferença e da intolerância está na educação e no conhecimento, disso todo mundo sabe. Acontecer uma coisas dessas numa Universidade e pública é no mínimo chocante, é aterradora. Um lugar onde a diferença deveria ser um fator de celebração, pois é daí é que as ideais e os ideais se cruzam em embates, provocam debates de onde se deve chegar a consensos, não ao desrespeito, indiferença ou ódio.
Ódio se tonando um tipo de ópio é o que me parece. Entorpecidos por ideias esdruxulas que ao fim, ou ao inicio, são potenciados por indivíduos que usam de veículos midiáticos pra defender seus privilégios, formando essa massa "diferenciada". Que mata.
É muito fácil ser indiferente à violência numa cidade em que se ouve tiros de fuzil pela manhã, e se vê agindo normalmente como se fosse mais um canto de pássaros. Ou ao assistir um assalto e quando se conta pra alguém ouvir "ah! mais ali isso é normal". E perceber essa "normalidade" banalizada no mesmo dia ao ouvir uma criança chamando a outra "Vamos brincar de tiroteio?" e perceber que não é de um filme de faroeste nem de desenho animado que ela tirou essa ideia e sim do cotidiano onde ela vive...
A violência de endêmica vai se tronando parte intrínseca de uma sociedade de ódio. É isso mesmo? Não é a primeira vez na história que isso acontece e todo mundo sabe no que dá. http://oglobo.globo.com/rio/estudante-encontrado-morto-com-marcas-de-espancamento-na-ufrj-19636108

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